Amor volat
Não, não é comigo que
ele nasceu... A sua asa
Só a um tempo ruflou
desse modo, tamanho!
Bateu-me o
coração... E outro não sei que,
estranho,
Rudamente o rasgou como
o seu bico em brasa...
Entrou-mo todo, enfim,
como quem entra em casa
E em meu sangue, a
cantar, fez de um boêmio no banho!
Oh! Que pássaro mau! E
eu nunca mais o apanho!
Vês: estou velho já.
Treme-me o passo, e atrasa...
Olha-me bem, no peito, o
rubro ninho aberto!
Hoje fúnebre, a piar,
uma estrige ao telhado
E o meu seio vazio! e o
meu leito deserto!
E vivo só por ver, como
curvo aqui fico,
Esse pássaro voar
largamente, um bocado
de músculos pingando a
levar-me no bico!
Pedro Kilkerry
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.