Escritor: Alphonsus de Guimaraens;
Hão de Chorar por ela os cinamomos
Hão de chorar por elas os cinamomos,
Murchando as flores ao tombar do dia.
Dos laranjais hão de cair os pomos,
Lembrando-se daquela que os colhia.
As estrelas dirão: -“Ai, nada somos,
Pois ela se morrer silente e fria...”
E pondo os olhos nela como pomos,
Hão de chorar a irmã que lhes sorria.
A lua, que lhe foi mãe carinhosa,
Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la
Entre lírios e pétalas de rosa.
Os meus sonhos de amor serão defuntos...
E os arcanjos dirão no azul ao vê-la,
Pensando em mim: -“Por que não vieram juntos?”
Alphonsus de Guimaraens
Poeticanálise
Estruturalmente é um soneto com versos decassílabos e rimas alternativas Esse soneto, como tantos outros de Alphonsus, foi inspirado na sua prima e noiva precocemente falecida, Constança. O interessante desse poema é perceber como o autor sofre pela morte da noiva, mas até que a própria falecida que está "Entre lírios e pétalas de rosa". Outra característica do poema é que o sofrimento universalizado, que se projeta para os elementos naturais, os cinamomos (árvore com características medicinais), flores e laranjais. Outra característica que figura a universalização da dor do poeta é a presença repetitiva da expressão "Hão de" que também serve como recurso de prosopopeia e confere musicalidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.