segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Poeticanálise: Hão de chorar por ela os cinamomos de Alphonsus de Guimaraens

Poema analisado: Hão de Chorar por ela os cinamomos;
Escritor: Alphonsus de Guimaraens;

Hão de Chorar por ela os cinamomos

Hão de chorar por elas os cinamomos,
Murchando as flores ao tombar do dia.
Dos laranjais hão de cair os pomos,
Lembrando-se daquela que os colhia.

As estrelas dirão: -“Ai, nada somos,
Pois ela se morrer silente e fria...”
E pondo os olhos nela como pomos,
Hão de chorar a irmã que lhes sorria.

A lua, que lhe foi mãe carinhosa,
Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la
 Entre lírios e pétalas de rosa.

Os meus sonhos de amor serão defuntos...
E os arcanjos dirão no azul ao vê-la,
Pensando em mim: -“Por que não vieram juntos?”

Alphonsus de Guimaraens


Poeticanálise
  
Estruturalmente é um soneto com versos decassílabos e rimas alternativas Esse soneto, como tantos outros de Alphonsus, foi inspirado na sua prima e noiva precocemente falecida, Constança. O interessante desse poema é perceber como o autor sofre pela morte da noiva, mas até que a própria falecida que está  "Entre lírios e pétalas de rosa". Outra característica do poema  é que o sofrimento universalizado, que se projeta para os elementos naturais, os cinamomos (árvore com características medicinais), flores e laranjais. Outra característica que figura a universalização da dor do poeta é a presença repetitiva da expressão "Hão  de" que também serve como recurso de prosopopeia e confere musicalidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.